Magnífico complexo tumular em granito polido marrom escuro, mármore e esculturas em bronze. Olhando-se de frente, o mausoléu é divido em três partes, a central e duas laterais com uma laje suporte inferior e outra superior onde estão alojadas as esculturas. Na parte central inferior, num nicho com pedestal gramado lateralmente, suporta uma escultura do busto de Basílio Jafet em mármore branco. . Na parte superior sobre o busto, apenas uma ramagem estilizada de palma em bronze, que na linguagem tumular significa a gloria e o êxito sobre a morte. Do lado esquerdo no plano inferior há um conjunto escultórico em bronze da família, representado pelo pai, mãe e filhos. No patamar superior, uma escultura em bronze representando três trabalhadores sobre uma bigorna e uma engrenagem industrial representando a siderurgia.
Do lado direito, outra representação escultórica em bronze de uma mulher em alegoria religiosa amparando a mãe e filhos, representando o amparo e a religiosidade da família. Na parte superior, outra escultura de um navio ladeado por um casal representando a imigração.
O interessante deste mausoléu é que a parte detrás se repetem as mesmas esculturas e nos mesmos locais, com três cruzes em bronze representando o cristianismo e logo abaixo um portal de bronze que dá acesso ao interior do mausoléu.
Fotos: ezerberus.multiply.com/photos/album, Simone (Picasaweb) e erbras75 (Flickr.com.photos/sall
Basílio Jafet nasceu no dia 21 de setembro de 1866, na pitoresca aldeia montanhosa de Shweir, Líbano, tendo se mudado para Beirute, quando o pai Professor Chedid Jafet Tebecherani assumiu um cargo na Escola Ortodoxa das Três Luas. Como o pai faleceu jovem aos 45 anos, coube à esposa Otroch Faraj Jafet a criação dos filhos Nami, Benjamim, Basílio, Miguel, João e Hala.
Seus pais legaram-lhes uma sólida educação, que possibilitou a Basílio deixar o Líbano, em 17 de janeiro de 1888, aos 22 anos, em direção ao Brasil. Na América, buscava as oportunidades e os desafios que o novo continente podia oferecer. Chegou ao Rio de Janeiro, capital do Brasil na época, e começou a trabalhar com o comércio de varejo pelo interior, para depois concentrar suas atividades no atacado. Por onde passava, era muito querido e conseguia arregimentar amigos. Elegante e bem apessoado, tinha o tino comercial dos fenícios no sangue.
Mais tarde, antevendo a grandeza de São Paulo, elegeu a cidade como residência e centro de sua vida comercial. Em 1893, seu irmão primogênito Nami Jafet (diretor e professor da Escola das Três Luas) também vem ao Brasil e funda com ele, Benjamim e João a sociedade comercial “Nami Jafet e Irmãos” na Rua 25 de Março. O empreendimento teve pleno êxito e, em 96, mudaram-se para a Rua Florêncio de Abreu, 37, onde os negócios expandiram-se (tecidos, armarinhos e produtos agrícolas como cereais e fumo eram comercializados) e onde, também residiram.
Saudoso de sua pátria, Basílio Jafet decidiu visitá-la em 1901, dez anos depois de sua partida. De volta à Beirute conheceu a família de Demétrio Nami Mokdessi. A família ficou muito impressionada com a firmeza de caráter, educação e generosidade daquele homem. Adma, a filha do casal, que se fazia notar pela cultura (falava também o russo) e personalidade marcante, tornou-se sua esposa em agosto daquele mesmo ano. Depois de dois meses em lua de mel pelo Líbano e de um tempo de permanência em Paris, ele voltou ao Brasil acompanhado da jovem esposa que tinha 16 anos na época. Desta vez, para ficar. Tomou a decisão depois de analisar a situação econômica e comercial de seu país.
Em 1906, Nami Jafet & Irmãos adquiriram uma grande área de terrenos no bairro do Ipiranga e lá construíram a S. A. Fiação, Tecelagem e Estamparia Ipiranga Jafet, que ocupava uma área de 100 mil metros quadrados, confeccionava 5 milhões de metros de tecidos e construíram 320 residências para as famílias dos
operários. A fábrica foi, sem dúvida, a responsável pela pujança e desenvolvimento do Ipiranga.
Sua esposa, Adma - também empreendedora e visionária - fundou em 1921 a Sociedade Beneficente de Senhoras do Hospital Sírio-Libanês, que deu origem e até hoje é a mantenedora do Hospital Sírio-Libanês, um dos mais conceituados da América Latina. Queria uma instituição de saúde que atendesse todas as classes sociais sem distinção e “que os ricos pagassem pelos pobres”.
Basílio e Adma tiveram duas filhas Violeta e Angela Jafet. Violeta é a Presidente da Sociedade Beneficente de Senhoras - Hospital Sírio-Libanês desde 1960. Violeta teve quatro filhos: Basílio, Beatriz, Denise e Irene. Basílio é um dos Diretores da "Jafet S.A." (antiga Fiação, Tecelagem e Estamparia Ipiranga Jafet), Beatriz é Membro do Conselho Deliberativo, Denise Jafet Haddad e Irene Panelli são diretoras do HSL. Angela faleceu em 2001, deixando as filhas Edméa Jafet (voluntária no HSL), Elisabeth e Edith Cestari (diretora do Ambulatório de Pediatria Social do HSL).
Basílio era na essência, generoso e nobre. Seu espírito diplomático tornou-o um grande homem que desfrutava da confiança e respeito da sociedade brasileira, a ponto de ter sido nomeado representante do Presidente da República Washington Luis, em 1928, durante a cerimônia de entrega do monumento que sírios e libaneses ofereceram à nação, por ocasião do Centenário da Independência do Brasil, como preito de gratidão à pátria que os acolheu (o fato teve grande repercussão na sociedade paulistana – pela primeira vez um imigrante libanês representava o presidente da República, impossibilitado de comparecer a uma cerimônia) Ao longo da vida, Basílio recebeu vários prêmios e comendas como a de Cavalheiro da Legião de Honra da França, as medalhas de Mérito Libanês nos anos de 1925 e 27 e ainda, o título de Irmão Benfeitor da Santa Casa. Traçou seu destino com generosidade e conhecia como ninguém a máxima: “Quem dá aos pobres, empresta a Deus”.
Basílio faleceu em 1947, aos 81 anos, deixando a viúva Adma e as filhas Violeta e Angela. Seu corpo foi carregado pelos operários da fábrica e a Rua 25 de março teve as portas comerciais fechadas em sua homenagem durante a passagem do cortejo fúnebre. Em homenagem póstuma a Câmara Municipal de Trípoli, no Líbano, prestou homenagem a família Jafet dando o nome de Avenida Jafet a mais importante e mais larga via da cidade. Em São Paulo, a Câmara Municipal deu o nome de uma via comercial que se chama Rua Cavalheiro Basílio Jafet e, em Choueir, no Líbano, uma das principais vias chama-se Avenida Basílio Jafet.
Após sua morte, a família doou à Universidade de São Paulo o Edifício da Escola de Física. Posteriormente, o professorado da Escola, deu o nome de Adma Jafet ao auditório da instituição.
A vida de Basílio Jafet e sua obra, deixaram um rico exemplo de determinação, honradez, luta, trabalho e cidadania.
Autor: Violeta Jafet
Fonte:http://jafetbrasil.com.br/historia-detalhes.asp?ID=12
Basílio Jafet
Formatação: Helio Rubiales
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