ARTE TUMULAR
O mausoléu demorou quase quinze anos para ficar pronto (1516 –1531), foi encomendado por François I para vários artistas italianos, sendo que a principal execução ficou a cargo do escultor florentino Jean Juste Ier, responsável pelas estátuas ajoelhadas e orando de Luís XII e Ana, bem como as dos soberanos reclinados. O filho de Antoine Juste, Juste de Juste (Tours, 1505-1559), também participou na decoração esculpida do monumento, executando as estátuas dos doze apóstolos e quatro virtudes que se encontram nos cantos e magníficos baixos-relevos ao redor da base
que ilustram vários episódios vitoriosos das guerras da Itália .
.Olhando de um modo geral para o monumento, o túmulo está esculpido em dois andares tudo em mármore de Carrara, onde vemos dentro do monumento as duas esculturas reclinadas sobre uma base; estão estendidas, nuas, com a representação da rigidez cadavérica, num espetacular realismo mórbido,
de Luis XII deitado do lado de Ana de Bretanha. A nudez íntima dos mortos
simbolizam a humildade e o despojamento da morte após uma vida de excessos.
Ao redor da base tumular estão esculpidas estátuas das quatro virtudes cardeais, prudência, temperança, fortaleza e justiça, bem como os doze apóstolos. Encimando o monumento apresenta Ana e Louis vivos, em oração, mas sem coroas, em sinal de humildade. Esse mausoléu escultórico apresenta muito detalhes artísticos e rico em simbolismos tumulares.
Obs. Os restos mortais foram violados na ocasião da revolução francesa e jogados numa vala comum.
Fotos: infobretagne.com, https://abp.bzh/a-la-basilique-saint-denis-le-mausolee-d-anne-de-bretagne- 3653, findagrave
Descrição tumular: Helio Rubiales
Local: Saint Denis Basilique Saint-Denis, Departement de Seine-Saint-Denis, Île-de-France, France
PERSONAGEM
Luís XII (Loir-et-Cher, 27 de junho de 1462 – Paris, 1 de janeiro de 1515) foi o Rei da França de 1498 até sua morte. Era filho de Carlos, Duque d'Orleães, e Maria de Cleves, sucedendo seu primo Carlos VIII que havia morrido sem deixar herdeiros.
Morreu aos 52 anos.
SINOPSE BIBLIOGRÁFICA
Órfão de pai aos três anos de idade, tornou-se Duque de Orleans, como Luis II; sendo tutelado pelo rei Luís XI, que lhe proporcionou uma severa educação, visto que naquela ocasião era o herdeiro presumido da Coroa (até 1470, quando nasceu o Delfim, futuro rei Carlos VIII).
Em 1476, Luis XI o fez casar com sua filha, Joana de Valois, Duquesa de Berry, enfermiça e aleijada, pois pretendia desta forma promover a extinção do ramo dos Orleans, fazendo retornar sua herança ao ramo direto dos Valois.
O rei Luis XI, morreu em 1483, deixando o trono a seu filho Carlos VIII, que era menor, sendo o reino confiado a regência de sua filha mais velha, Ana de França e seu marido, Pedro II de Bourbon.
Em 1484, descontente com regência de Ana de França, ainda como Duque de Orleans, Luis aderiu à Liga do Bem Público e participou da chamada “Guerra Louca” (Guerre Folle) caindo prisioneiro na batalha de Saint Aubin-du-Cormier. Após três anos de prisão, foi indultado em 1488 pelo novo rei, seu primo e cunhado, Carlos VIII, a quem acompanhou durante a invasão francesa à Itália, naquilo que se conhece como Primeira Guerra da Itália; onde viu frustradas suas ambições de tomar para si o Ducado de Milão.
Em 1498, torna-se rei em virtude da morte acidental de seu primo Carlos VIII, que morreu sem deixar descendentes, devido a uma hemorragia cerebral, após chocar-se contra um lintel, durante um jogo de pelota com seus pajens no Castelo de Amboise.
Luis XII foi coroado à 27 de maio de 1498, na Catedral de Reims.
Logo após sua coroação solicita ao Papa Alexandre VI, a anulação de seu casamento com Joana de Valois, alegando razões de consanguinidade e que houvera casado contra sua livre vontade.
Apesar da fragilidades das alegações, o Papa pronunciou-se a favor da anulação, em troca da ajuda francesa na conquista da Romanha e da concessão do Ducado de Valentinois a seu filho César Bórgia.
Em 8 de janeiro de 1499, casou-se com Ana, Duquesa da Bretanha, viúva de seu antecessor e primo Carlos VIII, garantindo a si e aos reis franceses a definitiva anexação do Ducado da Bretanha.
Luís era neto de Valentina Visconti, a qual era meia-irmã de Filipe Maria, um antigo duque de Milão que morreu sem filhos, sendo sucedido por um membro da família Sforza; o que lhe deu base para suas pretensões de invasão da Itália e conquista do Ducado de Milão, que julgava ser seu por direito.
Em 1499, Luis XII dá início à Segunda Guerra Italiana (1499-1501); em aliança com a República de Veneza e com César Bórgia, invadindo o Ducado de Milão, onde derrotou Ludovico Sforza, obtendo o domínio sobre Gênova e Milão, reconhecido pelo Tratado de Trento em 1501.
Em 11 de novembro de 1500, França e Aragão assinaram secretamente o Tratado de Granada, dividindo entre si o Reino de Nápoles.
Luis XII enviou à Nápoles em junho de 1501, um exército de onze mil homens comandados por Bernard Stuart, Senhor de Aubigny. Quando o exército achava-se próximo à Roma, os embaixadores de França e Aragão notificaram o Papa Alexandre VI sobre o Tratado de Granada, obtendo o seu apoio mediante a publicação de uma bula que nomeava os dois reis – Luis XII de França e Fernando II de Aragão – como vassalos do Papa em Nápoles. As forças francesas e espanholas avançam em território napolitano, destronando o Rei Frederico I.
O acordo franco-espanhol sobre o domínio de Nápoles teve porém, curta duração. As hostilidades tiveram início em 1502; quando liderados pelo vice-rei Luis de Amagnac; os franceses forçaram os espanhóis, comandados por Gonzalo Fernández de Córdova, a retroceder até o sul da península.
A chegada de reforços espanhóis alterou o rumo da guerra, e os franceses sob comando do Senhor D’Albigny foram derrotados na Batalha de Seminara em 1503. A seguir sofreram nova e decisiva derrota em dezembro do mesmo ano na Batalha de Garellano. Isolados em Nápoles, assinam a Capitulação de Gaeta em 1504, entregando suas possessões aos espanhóis.
Buscando recompor as perdas sofridas, Luis XII ordenou ainda uma invasão ao Roussillon, onde o exército francês foi igualmente batido pelos espanhóis, o que levou a assinatura dos Tratados de Lyon e de Blois (1504), pelo qual a França renunciava às suas conquistas na Itália meridional.
Mediante o Tratado de Blois, assinado em 22 de setembro de 1504 com Filipe I, rei consorte de Castela; Luis XII acordava o casamento de sua filha Claudia de Valois com o infante Carlos (futuro Carlos I da Espanha e V do Sacro Império Romano-Germânico).
Os Estados Gerais reunidos em Tours, solicitaram a anulação do acordo, pois temiam a virtual ascensão de um príncipe espanhol ao trono francês. Luis XII aquiesceu e tratou a seguir do casamento de sua filha Cláudia com seu primo e herdeiro Francisco de Valois-Angouleme (futuro Francisco I).
A partir de 1508, Luis XII voltou a intervir na Itália. Estabeleceu a Liga de Cambrai, associando-se a Fernando II de Aragão, ao Imperador Maximiliano I e ao Papa Júlio II, contra a República de Veneza, obtendo a vitória na Batalha de Agnadello (maio de 1508).
Em 1511, o Papa Júlio II, temeroso da política expansionista de Luis XII para o Norte da Itália; lidera a criação da Santa Liga, aliando-se à Espanha e à República de Veneza, obtendo posteriormente a adesão de Inglaterra e Suíça.
Em 1512, a França obtém uma vitória inicial contra as forças do Papado e da Espanha na Batalha de Ravena; porém em 1513, após uma derrota para os suíços na Batalha de Novara, Luis XII perde o controle sobre o Ducado de Milão, que é entregue a Maximiliano Sforza, filho do antigo duque.
Ainda em 1513, sofre nova derrota em Pas-de-Calais frente ao rei Henrique VIII de Inglaterra, na Batalha de Guinegatte (também denominada Batalha das Esporas), enquanto Fernando II de Aragão, ao sul efetua a tomada do Reino de Navarra.
Tornou-se viúvo em 1514, quando a rainha Ana morreu no Castelo de Blois, em 9 de janeiro, de pedra no rim, sendo sepultada em Saint-Denis.
Premido pelos insucessos militares, porém beneficiado pela morte do Papa Júlio II e a eleição de seu sucessor Leão X, que estava inclinado a negociar a paz com a França; Luis XII negocia também com os ingleses, sendo incluído no acordo seu casamento com Maria Tudor, irmã do Rei Henrique VIII, que veio a realizar-se em outubro de 1514.
CASAMENTO E FILHOS
Casou-se em 28 de outubro de 1473 (anulado em 1498) com Joana de Valois ou Santa Joana de França (1464-1505), filha de Luís XI. Sem posteridade. Casou-se depois no Castelo de Nantes em 8 de janeiro de 1499 com Ana de Montfort, Duquesa da Bretanha (1477-1514), viúva do rei Carlos VIII. Tiveram duas filhas, abaixo. Casou-se por terceira vez em 9 de outubro de 1514 na catedral de Abbeville com Maria de Inglaterra (1496-1533), irmã de Henrique VIII. Prole de Luís XII com Ana: 1 - Cláudia de França (1499-1524), casou-se com seu primo Francisco I de França, com descendência; 2 - Filho natimorto (1500); 3 - Filho natimorto (21 de janeiro de 1503); 4 - aborto espontâneo (final 1503); 5 - aborto espontâneo (1505); 6 - Filho natimorto (21 de janeiro de 1508); 7 - aborto espontâneo (1509); 8 - Renata de França (1510-1575), casou-se com Hércules II de Este-Ferrara (1508-1558), com descendência; 9 - Filho natimorto (21 de janeiro de 1512). Luís XII também teve um filho ilegítimo Michel de Bucy (1489-1511), arcebispo de Bourges em 1505, que morreu em 1511 e foi enterrado na Catedral de Bourges.
MORTE
Luis XII morreu subitamente, no ano novo de 1515, apenas três meses após o seu terceiro casamento; sendo sucedido no trono por seu primo e genro Francisco I, filho do Conde de Angolema, visto que a lei sálica excluía as mulheres da linha de sucessão ao trono.
Fontes : https://abp.bzh/a-la-basilique-saint-denis-le-mausolee-d-anne-de-bretagne-3653
pt.wikipedia.org
infobretagne.com
Formatação: Helio Rubiales
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