22 de abr. de 2020

CARLOTA JOAQUINA DE BOURBON - Arte Tumular - 1507 - Panteão Real da Dinastia de Bragança,Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa.












Carlota Joaquina de Bourbon
Casa de Bourbon
Ramo da Casa de Capeto
25 de abril de 1775 – 7 de janeiro de 1830
Precedida por
Pedro de Portugal
Coat of Arms of Carlota Joaquina of Spain, Queen of Portugal.svg
Rainha Consorte de Portugal e Algarves
7 de setembro de 1822 – 10 de março de 1826
Sucedida por
Maria Leopoldina da Áustria
Novo títuloRainha Consorte do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves

20 de março de 1816 – 7 de setembro de 1822
Título extinto
Independência do Brasil







ARTE TUMULAR
Cripta em mármore branco de formato retangular, com tampo frontal com o seu nome e datas gravados.

Local: São Vicente de Fora Lisbon, Lisboa Municipality, Lisboa, Portugal
Fotos: Internet
Descrição tumular: Helio Rubiales


Carlota Joaquina
Rainha Consorte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves
Reinado20 de março de 1816
7 de setembro de 1822
Rainha Consorte de Portugal e Algarves
Reinado7 de setembro de 1822
10 de março de 1826
PredecessorPedro de Portugal
SucessoraMaria Leopoldina de Áustria
Imperatriz Consorte do Brasil
Reinado15 de novembro de 1825
10 de março de 1826
MaridoJoão VI de Portugal
DescendênciaMaria Teresa, Princesa da Beira
Francisco Antônio, Príncipe da Beira
Maria Isabel de Bragança
Pedro I do Brasil & IV de Portugal
Maria Francisca de Bragança
Isabel Maria de Bragança
Miguel I de Portugal
Maria da Assunção de Bragança
Ana de Jesus Maria de Bragança
CasaBourbon (por nascimento)
Bragança (por casamento)
Nome completoCarlota Joaquina Teresa Cayetana
Nascimento25 de abril de 1775
Palácio Real de AranjuezAranjuezEspanha
Morte7 de janeiro de 1830 (54 anos)
Palácio Real de QueluzQueluzPortugal
EnterroPanteão Real da Dinastia de BragançaMosteiro de São Vicente de ForaLisboaPortugal
PaiCarlos IV da Espanha
MãeMaria Luísa de Parma
ReligiãoCatolicismo
AssinaturaAssinatura de Carlota Joaquina
Brasão


PERSONAGEM
Carlota Joaquina Teresa Cayetana (Aranjuez, 25 de abril de 1775 – Queluz, 7 de janeiro de 1830) foi a esposa do rei D. João VI e Rainha Consorte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e depois Reino de Portugal e Algarves de 1816 até 1826. Também foi Imperatriz titular do Brasil.
Morreu aos 54 anos

SINOPSE BIBLIOGRÁFICA
Nascida como uma infanta da Espanha, ela era a filha primogênita do rei Carlos IV da Espanha e da sua esposa, a princesa Maria Luísa de Parma. Casou-se em 8 de maio de 1785, aos 10 anos, com o infante de Portugal D. João, Duque de Beja, segundo filho da rainha D. Maria I de Portugal, num tradicional casamento entre as famílias reais de Espanha e Portugal. Após a morte do filho mais velho e herdeiro de D. Maria em 1788, Carlota e o marido tornam-se herdeiros da coroa portuguesa e assumem o título de Príncipe e Princesa do Brasil.

Detestada pela corte portuguesa, onde era chamada de a "Megera de Queluz", Carlota Joaquina também ganhou gradualmente a antipatia do povo, que a acusava de promiscuidade e de influenciar o marido a favor dos interesses da coroa espanhola. Depois da transferência da corte portuguesa para o Brasil, Carlota Joaquina começou a conspirar contra o marido, alegando que o mesmo não tinha capacidade mental para governar Portugal e suas possessões, querendo assim estabelecer uma regência. Ambiciosa, ela também almejava a coroa espanhola, que na época tinha sido usurpada por José Bonaparte, irmão de Napoleão Bonaparte.

Depois do casamento em 1817 de seu filho D. Pedro com a arquiduquesa austríaca Leopoldina e com a posterior volta da família real a Portugal em 1821, Carlota foi confinada no Palácio Real de Queluz, onde morreu solitária e abandonada pelos filhos em 7 de janeiro de 1830, aos 54 anos.

Após sua morte, Carlota Joaquina, principalmente no Brasil, tornou-se parte da cultura popular e uma figura histórica importante, sendo o assunto de vários livros, filmes e outras mídias. Alguns estudiosos acreditam que ela tenha tido um comportamento rude e calculista, atribuindo-lhe o facto dela odiar o Brasil.



INFÃNCIA E EDUCAÇÃO
Nascida em 25 de abril de 1775 no Palácio Real de Aranjuez, Aranjuez, Espanha, Carlota Joaquina era a filha primogênita do rei Carlos IV da Espanha e da rainha Maria Luísa de Parma. Batizada Carlota Joaquina Teresa Cayetana, era tratada apenas por Carlota, nome o qual homenageava seu pai e também seu avô, o rei Carlos III da Espanha (de quem Carlota era a neta predileta). Apesar da rigidez de sua educação e da etiqueta da corte, a infanta foi descrita como travessa e brincalhona. 

Teve uma educação rígida e profundamente católica, com bases nos campos de estudo da religião, geografia, pintura e equitação (esporte predileto de Carlota). O temperamento fechado e austero da monarquia espanhola impunha à família e à toda corte rígidas normas de comportamento e etiqueta. O rei, Carlos III era um homem de comportamento reservado, que dedicava mais tempo à família do que pelas animações da vida cortesã, que ficavam ao cargo de sua nora, Maria Luísa. A mãe de Carlota Joaquina logo assumiu a organização dos entretenimentos na corte, com festas luxuosas, onde a moral era facilmente esquecida. Logo, sua imagem estaria ligada à de uma mulher promíscua, que traia o marido com outros homens. Entre eles, possivelmente, estava o primeiro-ministro Manuel de Godoy, cuja suposta ligação amorosa foi bastante explorada pela imprensa da época. Nem mesmo as gestações sucessivas e o nascimento de um herdeiro para o trono em 1784 livraram Maria Luísa do desprezo da população. Ela passaria à história como uma das rainhas mais impopulares da Espanha e sua má fama atingiu inclusive seus filhos, especialmente sua filha primogênita.

CASAMENTO
Seu aprendizado seria posto à prova quando foi submetida a uma série de exames públicos diante da corte espanhola e dos embaixadores portugueses, enviados em nome da rainha D. Maria I de Portugal para avaliar os dotes da princesa, destinada a casar-se com o infante português D. João de Bragança (futuro D. João VI de Portugal). Em outubro de 1785, a Gazeta de Lisboa publicava um relato dos testes:
Tudo satisfez tão completamente que não se pode expressar a admiração que deve causar uma instrução tão vasta em uma idade tão tenra: mas […] o decidido talento com que Deus dotou esta sereníssima Senhora, a sua prodigiosa memória, compreensão e desembaraço, mostrarão que tudo é possível, principalmente com o desvelo e capacidade com que o sobredito mestre lhe promove tão úteis e gloriosas aplicações.

Comprovado o talento da noiva, não havia, portanto, qualquer impedimento para o consórcio com o príncipe português, teve seu casamento arranjado, em 8 de maio de 1785 (com apenas dez anos de idade). Ela e sua comitiva partiram para Lisboa no dia 11 de maio de 1785. No dia em que iria a Portugal, Carlota Joaquina pediu à sua mãe para que fizessem uma pintura sua com seu vestido vermelho para colocar na parede, no lugar do quadro da infanta D. Margarida de Habsburgo (à qual Carlota dizia superar em beleza). Viajaram com a infanta o padre Felipe Scio, famoso teólogo espanhol e erudito, D. Emília O’Dempsy, a açafata, e D. Anna Miquelina, criada particular da princesa. As bodas entre D. João e D. Carlota foram oficialmente realizadas no dia 9 de junho. Ela tinha tão somente dez anos, enquanto ele dezoito. A pouca idade da noiva, por sua vez, era um empecilho para a consumação da união, de modo que a jovem deveria esperar algum tempo para que então se tornasse apta a conceber e gerar filhos.

NO RIO DE JANEIRO
Foi durante a estada no Rio de Janeiro, entre os anos de 1808 e 1821, quando D. João VI pôde realmente governar pessoalmente o Império Português, que Carlota Joaquina demonstrou muitas das facetas de sua personalidade. É fato sabido que ela tinha um fetichismo confesso em relação aos sapatos: Viveu alguns anos afastada da política, sempre separada de seu marido, que então já havia sido aclamado Rei, por ter falecido D. Maria I em 1816, até que a Revolução do Porto em 1820, que trouxe para a Europa a família real, pôs novamente em evidência a rainha, reunindo algum tempo os esposos.

RETORNO A PORTUGAL
Aliada aos frades, aos nobres, aos que se mostravam pouco simpáticos ao novo regime, urdia a conspiração chamada da rua Formosa, destinada a obrigar o rei a abdicar e a destruir a constituição. Falhando esse plano, as cortes de 15 de maio de 1822 decidiram deportar a rainha para o Palácio do Ramalhão, em Sintra, por ela se recusar a jurar a constituição, alvitre que ela aceitou com júbilo, pois lhe permitia continuar a sua obra perturbadora. Opondo-se abertamente à Revolução liberal do Porto, de 24 de agosto de 1820, foi a figura mais notável do país a recusar-se a jurar a Constituição de 1822, juntamente com o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Carlos da Cunha e Menezes.

Neste retiro do Ramalhão tramou ainda a queda da constituição; e servindo-se de D. Miguel, que ela educara, e com quem vivia intimamente, conseguiu realizar o movimento conhecido por Vilafrancada em 26 de maio. Derrubada a constituição e dissolvidas as cortes, foi levantado o desterro da rainha, e D. João VI a foi buscar à quinta do Ramalhão, conduzindo-a ao Paço da Bemposta.

Pouco tempo, porém, durou a harmonia entre os esposos, porque a rainha mudou a sua residência para Queluz, e tornou-se cabeça do partido absolutista que dentro em pouco promoveu a Abrilada em 30 de abril de 1824. Tendo a rainha tomado parte manifesta no movimento, quando D. João VI, apoiado nos embaixadores francês e inglês, se decidiu a mandar sair do reino D. Miguel, ordenou que sua mulher se recolhesse ao paço de Queluz, e nunca mais aparecesse na corte.

Em consequência desse ato, que a promoveu a figura de proa do partido reacionário, a rainha foi exilada para Queluz, vivendo uma vez mais separada do rei (que vivia no Palácio da Bemposta, em Lisboa), onde continuou a exercer intensa atividade política, promovendo várias conspirações para derrubar D. João VI e suspender a constituição.

O seu Palácio ou quinta do Ramalhão tornou-se o principal foco da intriga absolutista, e à rainha é imputada enorme responsabilidade nos projetos dos principais levantamentos reaccionários dos anos 1820 (a Vilafrancada, de 1823, e a Abrilada, de 1824), que procuraram abolir o constitucionalismo, afastar D. João VI do governo e colocar no trono infante D. Miguel, seu filho direto, a quem ela educara.

Após a Vilafrancada, o rei acabou por suspender a constituição, prometendo não obstante para breve a convocação de novas eleições, a fim de se redigir um novo texto constitucional. Foi então buscar a esposa no retiro e durante alguns meses, reinou a harmonia entre os dois.

Pouco tempo depois, esta harmonia desfez-se, após o golpe da Abrilada, em que o infante D. Miguel tentou apossar-se do trono, com o auxílio de sua mãe, a verdadeira cabeça do partido absolutista em Portugal. Com o apoio dos embaixadores francês e inglês, D. João retirou-se para um vaso de guerra estacionado no Tejo, exonerou D. Miguel do cargo de generalíssimo do exército e ordenou-lhe o exílio; quanto à sua esposa, decretou que fosse desterrada para sempre para Queluz, nunca mais devendo aparecer na corte. Sentindo a morte próxima (talvez porque fosse lentamente envenenado), D. João VI nomeou um conselho de regência para lhe suceder após a morte, o qual devia escolher o herdeiro do trono português e ao qual presidia a sua filha Isabel Maria de Bragança — retirava desta forma à sua mulher uma prerrogativa que desde sempre na história portuguesa havia cabido à rainha-viúva: o exercício da regência do reino durante a menoridade ou ausência do herdeiro no país. O documento que estabeleceu o conselho regencial tem sua veracidade hoje contestada, pois o rei — segundo afirmam os médicos e estudiosos atuais que analisaram as suas vísceras, enterradas em um jarro de porcelana chinesa sob uma laje, na capela dos Meninos de Palhavã, no Mosteiro de São Vicente de Fora, e a grafologia da sua assinatura — já se encontrava, alegam, morto à sua data. 


Carlota Joaquina de Borbón Luis de la Cruz, c. 1825 Museu do Prado 

A 10 de março de 1826 D. João VI faleceu no Palácio da Bemposta, tendo previamente nomeado regência presidida por sua filha, a infanta D. Isabel Maria, e composta do cardeal patriarca, Duque de Cadaval, Marquês de Valada, Conde dos Arcos e os seus ministros de Estado.

Instituíra uma ordem exclusivamente destinada às senhoras, com a autorização do príncipe regente, seu marido, por decreto de 4 de novembro de 1801, com a designação de Ordem das Damas Nobres de Santa Isabel, cujos estatutos foram confirmados pelo alvará de 25 de abril de 1804.

Durante o governo de D. Miguel, que ascendeu ao trono em 1828, não viria a ter papel relevante na governação daquele que fora, para muitos, o seu filho predileto, pois faleceu (ou suicidou-se) em 1830 em Queluz. De resto, o próprio príncipe não a mandou chamar do desterro assim que subiu ao trono, pelo que faleceu só, esquecida, triste e amargurada.

MORTE
Segundo alguns historiadores, este fato é um dos vários indicadores de que teria existido um afastamento gradual entre mãe e filho nos últimos anos de vida daquela. Jaz no Panteão Real da Dinastia de Bragança, ao lado do seu desavindo marido, no Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa.
Fonte: pt.wikipedia.org
Formatação: Helio Rubiales

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